terça-feira, 23 de setembro de 2014

Certos dias

Certos dias são passíveis de se deixar passar. O que não rende é melhor rendar, tecer devagar... Essa pressa de viver me mata a alma, me tira a calma e me faz pirar. Nem tudo que nos faz crescer nos faz andar. O que é rápido para viver é rápido para morrer, é apto à fauna desse mar. Sou bicho de alma, peixe de calma, que anda devagar...
Osíris Duarte

Prima Vera

Prima Vera era delicada e materna, quase mãe era. Quando chegava trazia com ela flores de cores, na lapela daquela bata fina, cheia de vento, que lhe deixava aérea. Prima Vera era filha do Tio Outono e Verão nela os traços do irmão Inverno. Ela tem um afago terno, uma voz mansa e um cheiro interno que brota como flores, odores etéreos, quase como perfume de alma, quase como cheiro de calma, prelúdio do eterno.

Osíris Duarte

Sou um ditador

Há poetas ditadores. São queles que ditam as dores, incitam calores, persistem nos amores e insistem em dizer que há cores onde há quem diga que só existem ares incolores. Dito a dor dos amores porque amo a dor de crescer sem temores.

Osíris Duarte

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Olavo


Olavo era um escravo marcado pelo agravo, largado aos dilemas. De bom grado Olavo lavava o jarro da Dona Helena. Problema, Olavo. O jarro quebrou e estilhaçou a condescendência do mecenas. Olavo era escravo, mas achava que as dores nas costas eram amenas.
Osíris Duarte

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Meu desabafo

Alguns choram, outros fingem, esquecem... Tem quem grita pra ver se aquece, esperneia, padece... Tem quem cala, desce, e enterra a cabeça na areia. Tem quem teça esquemas, acredite em sereias, ressalte os problemas, lamente os dilemas... Já eu, eu escrevo poemas.
Osíris Duarte