terça-feira, 21 de outubro de 2014

Arturzinho


Quando Arturzinho corria na campina e brincava com o vizinho, tudo era sonho. O menino ensejava ideias livres com aquele ar risonho, correndo frouxo em meio a brincadeira de crescer. Arturzinho cresceu para aprender que ganhava a mãe mais pelas brincadeiras, mais pelas inventividades, criatividades e imaginações do que pelas besteiras, pela razão. Mãe, deixa eu brincar... Dizia sorrindo, com os olhos a brilhar... Já arrumou a cama menino?! Já! Ele dizia e, saia pra farrear. A mãe ia ao quarto inspecionar e via: Um cabo de vassoura, uma coberta em tenda e toda a merenda num pano de piquenique. Ela se esvaia em orgulho, mesmo pra depois dar chilique. Dizia: meu menino é puro, vive pra nascer todo o dia e o dia nasce só porque ele vive.

Osíris Duarte

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Poeta dos dias


O dia do poeta tem sol e chuva, não tem necessariamente seta. Tem que ter discreta e seleta suavidade, aquela que requer toda verdade bem dita. É um dia em que se acredita, seja em lágrimas, fadas ou gargalhadas inauditas. O dia do poeta e feito de lua, é no meio da rua, na esquina incerta. Ele tem cheiro de grama, de orvalho e flor dileta. Tem dor e amor, tem ternura... O dia do poeta é um dia de viver nas alturas, pairar sobre as agruras, sem frescuras e sem sucesso. É um ostracismo inverso, sem louros, amealhando glórias pequenas, tesouro da alma, sem público, felicidade calma que busca verso.

Osíris Duarte

Poemas e imagens!




Minha querida colega Bianca Veloso tem feito desafios de poesias constantes na rede. Ela joga uma imagens e instiga os poetas a escrever com os temas propostos. Enfim, eu embarquei e renderam algumas imagens para poemas meus!  








terça-feira, 23 de setembro de 2014

Certos dias

Certos dias são passíveis de se deixar passar. O que não rende é melhor rendar, tecer devagar... Essa pressa de viver me mata a alma, me tira a calma e me faz pirar. Nem tudo que nos faz crescer nos faz andar. O que é rápido para viver é rápido para morrer, é apto à fauna desse mar. Sou bicho de alma, peixe de calma, que anda devagar...
Osíris Duarte

Prima Vera

Prima Vera era delicada e materna, quase mãe era. Quando chegava trazia com ela flores de cores, na lapela daquela bata fina, cheia de vento, que lhe deixava aérea. Prima Vera era filha do Tio Outono e Verão nela os traços do irmão Inverno. Ela tem um afago terno, uma voz mansa e um cheiro interno que brota como flores, odores etéreos, quase como perfume de alma, quase como cheiro de calma, prelúdio do eterno.

Osíris Duarte

Sou um ditador

Há poetas ditadores. São queles que ditam as dores, incitam calores, persistem nos amores e insistem em dizer que há cores onde há quem diga que só existem ares incolores. Dito a dor dos amores porque amo a dor de crescer sem temores.

Osíris Duarte

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Olavo


Olavo era um escravo marcado pelo agravo, largado aos dilemas. De bom grado Olavo lavava o jarro da Dona Helena. Problema, Olavo. O jarro quebrou e estilhaçou a condescendência do mecenas. Olavo era escravo, mas achava que as dores nas costas eram amenas.
Osíris Duarte