terça-feira, 13 de abril de 2010

O que há de restos na dinâmica da esquina

Uma pequena amostra de mim cresceu enfim, e se tornou você.
Viver nos trás a tona, nos joga na lona, nos deixa uma zona...
Viver também é crescer, aprender, ser e não ser, pra depois deixar de viver.
É louco né, morrer é algo que não rola sem fé, sem pé nem sem mé!

É que sou um tolo, sem miolo, que não sabe o que quer.
E quem sabe? Quem sabe eu saiba um dia...
E isso quem diz é meu nariz,
Ele é só um chafariz, que escorre e choraminga.

Lá de longe quero te ver, de longe na vida que se avizinha.
É que não quero esquecer, não quero perder, quero vencer nessa sina.
Acreditar que vamos nos reencontrar me conforta na cama vazia,
Faz minhas noites menos frias, além do gelo que ainda se abate em mim.

Se eu me entendesse bem, não acharia ninguém além do eu e eu na vida.
Não é egoísmo, é preciso, por que só eu posso estar de bem comigo.
Seguir em frente, com o olhar reluzente que aprendi em ti é o que me move hoje,
Para que depois eu me arrependa, e assim aprenda, a caminhar com os pés na cabeça,
E com o coração na lua...

Andei na rua dia desses, lembrei da nua e crua mulher...
Como posso sequer pensar na verdade,
Como posso sequer esquecer a mentira,
Como posso...

É porque há restos nas esquinas.
Há beijos perdidos nas calçadas,
Há um gosto amargo de incompreensão no asfalto,
Há em mim um asco de dúvida e de dívidas,
Há em mim algo que não despertou ao nascer do dia,
E que dorme quando eu acordo pras ruas dos sentimentos em minha vida.

Osíris Duarte 13.04.10