sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entre o que imagina e a faxina

Arrumo a casa esta manhã.
Estava tudo fora do lugar.
Sonhos no cesto de roupas,
Medos nas estantes,
Segredos na sala de estar.

Lavei a louça e estendi a roupa,
Cuidei do gato e varri a tristeza.
Coloquei a vida para andar,
Busquei novamente a beleza...

Vi em mim um asco particular.
Um traço do mau que há em fim.
Aquilo que rasteja parco,
Fraco a me fraquejar.
Aquilo que não queria mais em mim.

Aí decidi ser desabrochar.
Um ser que a mim poderia orgulhar.
Crescer em meio ao estar,
Nas graças do amanhecer.

Hoje sou só perdão,
Daquilo, inclusive, que até então,
Fugia-me a compreensão maior.
E de cor eu recitei,
Um poema que não sei,
Que criei ao desprazer,
De ser quem eu já não sei mais.

Mas vivaz é a vontade de criar,
De imaginar o imponderável.
De amar o inexplicável,
Da luz afável do fato,
Além do meu desastrado
Acertado jeito de ser.

Osíris Duarte  24.06.11

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