quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Crônicas do Fim do Mundo



  É tão verdade que a gente não vê com os olhos, que apesar de na minha vista o fim desse ano ter mais aspectos de recomeço do que de término, muita gente vê o fim definitivo. Onde estão esses olhos que veem além das imagens, que criam, que mediam nossos sentidos?  Para aqueles que preferem considerar o fim ao invés de valorizar os recomeços, digo que o término justifica as falhas pregressas, e é fácil. Mas a ideia de recomeçar nos dá o senso de responsabilidade sobre o que passou, as consequências, e o que construímos para o futuro.

  O que têm de gente ganhando dinheiro com essa história de fim do mundo é absurdo. Se a parada fosse acabar mesmo, é de se refletir o que esse povo vai fazer com essa grana? Quem sabe apenas algumas horas pra gastar o que nunca pode seja a intenção... Essa história do calendário maia faz tempo que escuto. Tipo mais de 10 anos. Só é menos tempo do que as fábulas da branca de neve, chapeuzinho, Rapunzel e companhia na minha lembrança. O fato é que essa história tá justificando que o mundo acabe em festa! É! Já viu tanta festa programada pra um data só?! Todo mundo usando o marketing do fim do mundo pra promover sua própria "despedida" dos tempos.

  Cara, fim do mundo como? Se a gente nem mesmo consegue provar e afirmar quando ele começou?! O que tem fim, teve começo... Não é? Ainda creio que é tudo uma questão de pretensão do ser humano, que se acha ao ponto de querer traçar em tortos contos de fadas-campanhas-de-marketing, os destinos do universo. Uma frase que vi em uma rede social dia desses resume bem o que penso disso: O que me preocupa não é o mundo acabar em 2012, mas sim ele continuar como está em 2013. Pra você que subiu a montanha, se achando o escolhido, cuidado em! Porque quem fez a escolha foi você, e mesmo no alto da Minas Gerais dá terremoto, cai uma árvore, dá uma enchente e morre quem tem que morrer meus caros. Se o critério de escolha meritocrática de Deus for geográfico, que Deus justo é esse alardeado por quem se diz espiritualizado?!

 Pensem: e se não acabar? Voltamos para a mesma sociedade de merda, para a mesma inércia social, e nos contentamos em esperar pela próxima profecia, para que Deus venha a Terra fazer a justiça que nós não fomos capazes de fazer... E assim o barco segue em busca de novos cantos da seria para justificar os desvios de caráter.

   Osíris Duarte 20.12.12

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