Eu colho flores na prévia desse dia cinza.
Busco cores onde os amores pintaram cor neutra.
Nesse prelúdio de primavera, quem dera eu ser dia azul.
Nessa busca inglória,
O dia não demora a clarear a fé na passagem do tempo,
Em mais uma estação que passa por mim.
Osíris Duarte
21.09.12
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
O que há
O que há é a tribulação de ser humano. Não há tristeza sem medida, mas sim a delicadeza de achar beleza onde antes era infindo véu de cetim. Na ditadura da alegria, me fortaleço nas agruras de passos mansos, desço das alturas e me canso, pra olhar de novo o céu sobre minha cabeça, estender minha mão para o horizonte, e entender que o ontem também é. Coragem é fé, meus caros. É um faro inerente a n
ós, mesmo quando o cheiro é atroz. Esse presente em nós, é só um rompante dos anseios intermitentes do passado, é um passo dado, é um mutante ausente. A gente pira se não grita, não chora, não sente. A gente treme se não encara, se não separa o joio do trigo na mente. A gente pára, a gente teme, se depara com o desafio de ser ciente de si, ser presente atemporal, ser um paranormal, porque de conformidade, eu já tive minha parte, prefiro agora ficar ausente. Na verdade, desse alarde todo que arde, no gozo dos sentidos, eu já me recuso a fonte de água tratada quimicamente, e bebo o livre arbítrio da nascente que jorra sem parar, da vida que não demora mais do que um tardar de estação, mas que a seu tempo me dá a mão a oportunidade de existir.
Osíris Duarte 11.09.12
Osíris Duarte 11.09.12
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Regresso
Volto a ser criança que engatinha...
Lembrança minha de um ventre,
Necessidade latente de andar,
Intermitente vontade de gritar.
Sou vivo ser crescente,
De novo ser paciente,
Comigo volto as pazes,
Vida quente de fases,
Batente bom de labutar.
Osíris Duarte
Lembrança minha de um ventre,
Necessidade latente de andar,
Intermitente vontade de gritar.
Sou vivo ser crescente,
De novo ser paciente,
Comigo volto as pazes,
Vida quente de fases,
Batente bom de labutar.
Osíris Duarte
quarta-feira, 14 de março de 2012
Todo dia têm poesia
Meu poema chama-se todo dia,
Ele nasce cedo e dorme tarde,
Ele cresce e irradia sem alarde,
Mais uma tarde que cedo partia,
Mais uma noite que tardia,
Mais um poema que eu fazia...
Feliz dia da poesia!
Osíris Duarte 14.03.12
Ele nasce cedo e dorme tarde,
Ele cresce e irradia sem alarde,
Mais uma tarde que cedo partia,
Mais uma noite que tardia,
Mais um poema que eu fazia...
Feliz dia da poesia!
Osíris Duarte 14.03.12
quinta-feira, 8 de março de 2012
Todo dia é dia de João e Maria
Senti a necessidade de compartilhar minha
opinião sobre gênero, família e sociedade nesse 8 de março, dia Internacional
da Mulher. É que depois de ler tantas manifestações, por vezes ufanistas, das
qualidades, méritos e lutas das mulheres nas redes sociais, fiquei com um
sentimento de vazio quando me propus a refletir sobre os argumentos e condutas
alardeadas nesse dia. Já de cara devo afirmar: Sou fã de mulher! Minha mãe, uma
grande mulher, foi minha mãe e meu pai na minha criação. Meus melhores valores
são herança da conduta dela perante a vida. E eu não sou o único homem
construído dessa forma. Assim como eu, existem muitos outros homens que sabem o
valor que a mulher têm. Homens que sabem respeitar e admirar esse ser tão lindo
aos nossos olhos, tão forte e combativo, e ao mesmo tempo tão doce e terno. Mas
minha reflexão não quer caminhar para o discurso comum de dias como hoje: as
mulheres ressaltando suas qualidades (ainda que por vezes atreladas a um senso
machista) e os homens bajulando-as na esperança de serem aceitos e bem quistos
como pessoas sensíveis e que sabem dar o devido valor a uma mulher e a história
da luta feminista. É esse tipo de abordagem que deixa minha reflexão vazia,
capenga.
Já discorri antes no palavrão sobre a fragmentação das lutas sociais e o
caráter nocivo que isso tem na luta coletiva, no entendimento de comunhão
humana. O mesmo argumento sustenta minha opinião sobre os clichês utilizados
para ressaltar e glorificar a mulher, colocando-a mais uma vez, na história, em
um pedestal de admiração machista, como objeto de admiração masculina e,
também, egocentricamente feminina. Vejam bem... Não confronto a história de
opressão as mulheres, nem mesmo o direito delas de terem oportunidades iguais as
dos homens. E isso não é só questão de justiça, mas sim um ponto óbvio,
prático, considerando as necessidades de reforço de valores que fomentem a
coletividade e o combate a fragmentação das sociedades humanas, dos
preconceitos, da intolerância e da repressão no contexto de relação de poder no
mundo humano atual. Mas se levarmos em consideração os diversos segmentos que
sofreram ao longo da história - mesmo sabendo que as mulheres representam uma
parcela das mais sofridas e negligenciadas - deveríamos criar dias para quase
todo mundo, ressaltar as qualidades de todos e valorizar os pontos de luta
por justiça para tudo. Não estou questionando a importância de se falar e
rememorar a luta feminista, até porque ainda existe uma caminha grande a se
fazer nas questões de equidade de oportunidades e tratamento na abordagem de
gênero. Mas me pergunto se alguém leva em consideração, nós, homens, quando se
fala das mudanças do mundo e das conquistas da luta das mulheres. Eu cresci em
um mundo onde os novos papéis femininos já representavam uma parcela muita
significativa da construção social. Sou um homem moderno, de tempos novos, que
não consegue ver diferença - a não ser a biológica, claro - entre homens e
mulheres. Mas, ainda assim, tenho que carregar a responsabilidade histórica da
opressão as mulheres, coisa que não fiz, mas que pesa sobre meus ombros. Isso
não é justo, mas eu entendo...
Minha preocupação maior é que o movimento feminista não se vista de
algoz como forma de vingança. Se as mulheres podem fazer melhor, podem
contribuir para um mundo melhor, elas não devem inverter a lógica da ditadura.
Quero dizer que substituir uma ditadura dos homens por uma ditadura das
mulheres não tem mérito nenhum, pelo contrário, reforça o equívoco humano de
busca por prevalência nas relações de poder. Outra: Ser mulher não é garantia
de caráter, boa conduta, maior inteligência ou capacidade. Esse tipo de
discurso soa para mim como uma forma de reparação retórica, uma maneira de
amenizar o peso histórico da opressão masculina sobre as mulheres com bajulação
e subserviência, pelo menos discursiva. Quando falo de considerar o homem nessa
caminhada feminina, não falo como se as conquistas das mulheres fossem
concessões masculinas, mas sim tento desconstruir uma lógica que fomenta a
disputa, o revanchismo e a fragmentação do entendimento de ser humano. Não sou
mulher e não sei o quão duro é estar na pele de uma, mas sei das dificuldades
de ser homem no processo mutante de vida social. Ao mesmo tempo que me vejo
impelido a me questionar sobre meus valores machistas, na busca de ser um
sujeito mais justo e digno, combatendo meus preconceitos, entendo que as
mulheres têm a mesma responsabilidade de compreensão e transformação íntima. Pra
resumir o que estou tentando dizer afirmo: Meninas, não façam como fizeram os
homens que me antecederam! Em meio ao entendimento de coletividade não há mais
espaço para esse tipo de disputa.
Existe uma certa confusão masculina entre reconhecer a capacidade
feminina por causa de uma certa relação de complexo de édipo, atrelada ao
desejo sexual, que suplanta por vezes a real potencialidade humana da mulher.
Isso eu confesso. Mas, por outro lado, existe também por parte das mulheres a busca por um
modelo arcaico de homem para ser admirado e desejado. E esse homem, em
muitos aspectos, é o mesmo que as oprimiu ao longo da história. Basta prestar atenção em como ainda se dão as
relações afetivas entre homem e mulher e quais são as expectativas que ambos tem com
relação aos papéis e as características da cada gênero. Ao mesmo tempo que as
moças dizem querer um homem sensível, prestativo e respeitoso, na prática
muitas se sujeitam a paixão pelos machistas, violêntos e durões. Pior que o
machismo dos homens é o machismo das mulheres. Se a mudança do comportamento
masculino está atrelada as conquistas da luta feminista e do papel mais
significativo da mulher na sociedade, da mesma forma as mudanças nas mulheres
se alimentam das transformações nos homens. É uma relação de troca, de
interdependência, de sinergia, como tudo é quando se considera um todo acima
das partes que lhe compõe.
Minha argumentação não pretende polemizar. Sou um dos tantos que
acredita na importância da mulher na sociedade, e não como cuidadora apenas, ou
como o complemento do homem. Creio na mulher protagonista e não corroboro com o
dito popular machista de que "atrás de um grande homem sempre há uma
grande mulher". Porque não consigo imaginar ninguém atrás ou na frente de
ninguém. Creio mesmo é em uma humanidade que caminhe lado a lado, independente
de orientação sexual, credo, raça ou gênero. E por crer nisso que faço
reflexões e cerca dos temas que insistem em nos separar, em nos compartimentar.
Instituições como a família, a religião e o estado estão em um processo de
mudança claro. Os papéis de mãe, pai, filho, político, padre, e outros tantos
mudaram e continuam a mudar. E dentro desse contexto mutante mudamos, quisá
para melhor. A mulher de hoje cada vez
mais tem muito do homem de ontem, bem como o homem de hoje tem cada vez mais em
si a mulher de ontem. E o meio termo humano, que visa o equilíbrio, não se
traduz em orientação sexual, papéis sociais ou características atribuídas ao
gênero. Ele se mostra na prevalência dos melhores valores, que são assexuados.
E no final, sejam homens ou mulheres, vivemos debaixo do mesmo céu e temos a
mesma responsabilidade de construção de mundo melhor, de evolução.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O Fotográfico
Faço imagens com obstinada reflexão decisiva.
Sou um louco amador inquieto,
Apaixonado predador de mídias,
Um maníaco colecionador de memórias.
Sou um impetuoso desejo operador,
Interação, luz, tecnologia.
E minha impressão manipulada revela,
Pluralidade corrente interpretativa.
Meu esgotamento de ontologia,
Redução do momento em semiologia.
Transitável debate crítico,
Essência de exceções mais interessantes,
Ânsia de entender o que tardia.
Osíris Duarte 25.02.12
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
E viva a Casa de Orates!
Foi em
meio a conversas de bar, filosofia e esperança de mudanças, mundo melhor, arte
e expressão que conheci o pessoal da Casa, quando ainda nem Casa existia. Eu li
o Alienista pela primeira vez por causa deles, mesmo já sendo fã de Machado de
Assis. O romance do escritor serviu de fonte para o nome da banda. Mas a
"casa de loucos" (como se traduziria da linguagem machadiana) tem
muito mais lucidez dos que os pretensos normais que trabalham com arte. Os anos
de resistência da Casa de Orates no mercado alternativo conferem ao trabalho
desse pessoal mais notoriedade do que a fama, merecida, que eles poderiam
conquistar se vendendo para o mercado fonográfico. O fato é que a qualidade
musical do grupo, que extrapola o mero tocar com preciosismo, não merece, no
contexto atual, tocar no grande mercado de massa. Isso não é nem um menosprezo
ao mercado e nem a banda, pelo contrário. O papel que artistas independentes
tem hoje na construção de acessibilidade a multiplicidade artística, bem como na
formação de gosto e opinião, é muito mais importante do que os produtos
midiáticos, rotulados exacerbadamente como arte, vendidos ou empurrados goela a
baixo para grande maioria das pessoas. Os meios digitais cada vez mais dominam
o acesso a arte, cultura e informação, possibilitando que tenhamos opções de
maior qualidade na nossa formação artística e cultural. A mistura de Rock psicodélico,
brasilidade e filosofia da casa, mostra que é possível sim produzir coisas
novas de qualidade, perdurar com tal produção e exercer o artista que há dentro
do cidadão comum sem precisar depender, ou sonhar, com o contrato de um gravadora.
Quem vive de música - e a maioria que vive não vemos na tv - nem sabe que o
gosto pela expressão humana, a necessidade de escape da realidade irreal das
construções sociais vai muito além em importância íntima do que uma
massagem no ego, um alimento para a vaidade ou a possibilidade de notoriedade
pública com relação ao trabalho, fama, dinheiro... Bom, eu sou fã desses caras,
além de amigo das antigas, e me orgulho de vê-los em franca evolução, mesmo com
a saída de integrantes da banda. A Casa tem essa essência que se mantém no
espírito artístico e autônomo dos seus integrantes, e que perdura. As fotos
abaixo são do show deles na sexta-feira, véspera de carnaval, em Floripa. Com
figurino novo, com a mesma qualidade de produção, e com disco novo prestes a
sair quentinho, a banda se renova e se mantém, mesmo com as mudanças, assim
como é a vida, o Rock e arte.

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