quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

E viva a Casa de Orates!


     Foi em meio a conversas de bar, filosofia e esperança de mudanças, mundo melhor, arte e expressão que conheci o pessoal da Casa, quando ainda nem Casa existia. Eu li o Alienista pela primeira vez por causa deles, mesmo já sendo fã de Machado de Assis. O romance do escritor serviu de fonte para o nome da banda. Mas a "casa de loucos" (como se traduziria da linguagem machadiana) tem muito mais lucidez dos que os pretensos normais que trabalham com arte. Os anos de resistência da Casa de Orates no mercado alternativo conferem ao trabalho desse pessoal mais notoriedade do que a fama, merecida, que eles poderiam conquistar se vendendo para o mercado fonográfico. O fato é que a qualidade musical do grupo, que extrapola o mero tocar com preciosismo, não merece, no contexto atual, tocar no grande mercado de massa. Isso não é nem um menosprezo ao mercado e nem a banda, pelo contrário. O papel que artistas independentes tem hoje na construção de acessibilidade a multiplicidade artística, bem como na formação de gosto e opinião, é muito mais importante do que os produtos midiáticos, rotulados exacerbadamente como arte, vendidos ou empurrados goela a baixo para grande maioria das pessoas. Os meios digitais cada vez mais dominam o acesso a arte, cultura e informação, possibilitando que tenhamos opções de maior qualidade na nossa formação artística e cultural. A mistura de Rock psicodélico, brasilidade e filosofia da casa, mostra que é possível sim produzir coisas novas de qualidade, perdurar com tal produção e exercer o artista que há dentro do cidadão comum sem precisar depender, ou sonhar, com o contrato de um gravadora. Quem vive de música - e a maioria que vive não vemos na tv - nem sabe que o gosto pela expressão humana, a necessidade de escape da realidade irreal das construções sociais vai muito além em importância íntima do que uma massagem no ego, um alimento para a vaidade ou a possibilidade de notoriedade pública com relação ao trabalho, fama, dinheiro... Bom, eu sou fã desses caras, além de amigo das antigas, e me orgulho de vê-los em franca evolução, mesmo com a saída de integrantes da banda. A Casa tem essa essência que se mantém no espírito artístico e autônomo dos seus integrantes, e que perdura. As fotos abaixo são do show deles na sexta-feira, véspera de carnaval, em Floripa. Com figurino novo, com a mesma qualidade de produção, e com disco novo prestes a sair quentinho, a banda se renova e se mantém, mesmo com as mudanças, assim como é a vida, o Rock e arte.     











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