sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A incoerência revolucionária

Muitas vezes fui perguntado a respeito da minha postura de luta. O meio sindical padece muitas vezes desse mal. Cobranças infundadas nascidas do mal-estar da busca pela coerência. Dia desses ouvi de pessoa respeitada a seguinte frase: A revolução não pode esperar amigo! O mal que acomete tantos militantes da justiça social é o da hipocrisia disfarçada de mote de luta.
A vontade de revolucionar o mundo em que vivemos é algo lindo, admirável, poético... O problema é que projetamos para nossa vida comum, para o mundo externo, a necessidade de revolução íntima. Tal necessidade nasce no nosso âmago e, portanto, se torna necessária antes de qualquer pretensão de revolucionar o mundo esterno.
A nossa revolução pessoal é a verdadeira revolução. Digo isso porque cansei de me incomodar por causa das incoerências dos discursos e da contraditoriedade dos atos. Eles gritam: Imperialistas de merda! Capitalistas vampiros! E depois... Depois comem no Macdonalds, lêem e assinam o DC, compram roupas de marca e, pasmem, exibem feito troféu o jacarezinho da Lacost (é assim que escreve?) nos peitos. Socialistas, Capitalistas, Anarquistas... Não representam nada sem atitudes solidárias dignas de seres humanos éticos.
Queria não precisar justificar o fato de eu não vestir camisetas, levantar bandeiras ou fazer protestos. Não que não os faça. Não que eu não vista camisetas ou levante bandeiras, mas as que eu me dedico é apenas o reflexo do que há dentro de mim. E se não acredito mais em política partidária ou em mobilização civil com cunho monetário, não acho que devo ser cobrado pela minha postura por quem, muitas vezes, se veste da razão incoerente de cães que ladram por latir, nada mais.
O que me move no exercício da minha profissão não são as bandeiras, as conquistas, as lutas. O que me move são as pessoas. Trabalhar por razões ideológicas e um fato. Minha ideologia é a humanidade em harmonia. Quando escrevo ou fotografo, não é apenas para criticar os desmandos do poder, mas sim para lembrar para quem lê, ou vê, que no meio de tatos argumentos praguimáticos existe algo chamado Ser Humano. Como seres biossociais, temos nossa existência atrelada ao fato de coexistirmos. E quando nos esquecemos disso em prol de bandeiras consideradas nobres, não corroboramos com a real nobreza que elas podem trazer. Falar de revolução é fácil, desde que ela fique a cargo do outro.
Não acredito mais no conflito. Sou um homem de consenso. E se queres revolucionar, comece por você. Comece com um bom dia, depois passe pela solidariedade, cultive a tolerância e expurgue o preconceito. Aí sim, talvez, possamos começar a pensar em uma revolução de verdade, a revolução do amor e da paz.
Osíris Duarte - Jornalista
Mte/PB 02358 JP

2 comentários:

  1. penso que devemos apostar na "trans formação"... tendo por princípio a paz e o amor. A justiça social acontece como consequencia de se amar o próximo como a ti mesmo...

    ResponderExcluir
  2. É Pelizzoni, por isso que é bom ter pessoas como vc no meio sindical. Abraço do Osi.

    ResponderExcluir