quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Casas, valores e crises




  Lá perto de casa sempre há um som de passarinhos a cantar. São tardes de sol depois da chuva com a trilha sonora da natureza. Essas coisas me fazem recordar o fato de estar vivo e de comungar com a humanidade. Sabe... Na maioria das vezes isso é difícil. Lembrar que vivemos juntos no mesmo “barco”.

  Uma coisa é uma coisa, outra coisa é a mesma coisa! Assim caminha a humanidade. Egoísta. Nesses tempos de pouco envolvimento e muito relento, assanhamento e povo sarnento, me pergunto: O que faço aqui mesmo? Me agüento?

  Há algumas semanas estou em crise. Normal. Esse fato é periódico, não é só o capitalismo que as enfrenta de tempo em tempos. Elas, as crises, relembram-me o fato de que existo, mesmo sem saber por quê. Bastaram alguns anos de mercado de trabalho, militância social e vivência espiritual para chegar à conclusão de que não há muito para se concluir, pelo menos na atual conjuntura humana. Minhas conclusões ficam cada vez mais astrais...  

 Vejo cada vez mais as mentiras de sempre. Basta sair às ruas, ouvir dois ou três transeuntes para descobrir que fomos enganados até então. E não me refiro tão somente ao contexto do sistema, mas principalmente ao universo moral e de valores que é fomentado por aqueles que se dizem donos da verdade e do conhecimento.

  Valores... Não é quanto se tem na conta do banco não. Apesar de muita gente achar que sim.  Minhas crises fomentam ou reforçam meus valores. Mas eles, os valores, podem ser modificados, podem evoluir. Se há algo nessa vida a se buscar, são valores elevados que, independente das justificativas para não adotá-los, permanecem firmes nos anseios pessoais, nos desejos carnais e no inconsciente coletivo. Amor, solidariedade, fraternidade e respeito são coisas indissociáveis e indestrutíveis quando são alcançadas de verdade.

  Lá em casa sempre tem um passarinho a cantar. E eu canto junto, um conto em forma de canção, um sonho que se materializa, a leveza da brisa que afaga meu rosto, a certeza da vida que soa como pássaro. Minha casa me carrega para onde quer que eu vá.

Osíris Duarte   14.01.2010

palavraodoosi.blogspot.com

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