segunda-feira, 24 de maio de 2010

Repúdio à Polícia Militar

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina vem a público repudiar a ação da Polícia Militar catarinense que, não satisfeita em reprimir de maneira violenta os protestos pacíficos da população de Florianópolis contra o aumento das tarifas de ônibus – enfrentando inclusive crianças – agora decidiu impedir os profissionais da comunicação de fazer o seu trabalho de informar sobre os fatos.

Na última sexta-feira, chegou ao extremo de algemar e deter um jornalista, sob a alegação de desacato a autoridade, por ele ter se manifestado no momento em que outro policial tentava impedir o repórter-fotográfico de realizar suas fotos.

Reproduzindo momentos da nossa história que acreditávamos banidos para sempre, a PM de Santa Catarina tem protagonizado cenas de desrespeito ao direito dos cidadãos. É bom que a comunidade saiba que esta polícia que age de forma truculenta é paga com os impostos arrecadados de toda a sociedade. Logo, deveria protegê-la, em lugar de reprimir e impedir a circulação da informação.

A livre manifestação está assegurada na Constituição brasileira. Portanto, não há nada que justifique os fatos registrados na capital catarinense.

Quanto ao trabalho dos jornalistas, é inadmissível que o governo do Estado permita uma ação truculenta como a que foi registrada na sexta-feira. Os profissionais precisam estar junto às manifestações para narrar o que de fato acontece nas ruas de Florianópolis. Se a sociedade permitir que policiais à paisana possam intimidar, impedir a realização do trabalho e, o extremo, que os que têm a condição da força e das armas possam algemar e deter um jornalista por ele estar registrando os eventos nos quais os policiais estão envolvidos, estaremos retrocedendo aos tempos de exceção, em que a liberdade de expressão era tolhida e a população permanecia vendada sobre o que ocorria no país.

Nosso repúdio ao governo do estado, que é, em última instância, o responsável pela ação da Polícia Militar, nosso repúdio ao comando da PM, que não coíbe este tipo de abuso e nossa solidariedade total aos profissionais envolvidos no episódio. O Sindicato se coloca à disposição para qualquer ação que possa ser efetivada e cobrará do governador uma resposta a estes fatos. Se casos como esses forem considerados “normais” em tempos de manifestações e protestos, voltaremos a viver os tempos sombrios da ditadura militar, e isso não podemos admitir, nem como jornalistas, nem como povo.

Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina

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