Me apego e não nego. Eu não pratico o desapego porque fui pego pelo mundo num arremedo profundo de virtuosismo, tudo para disfarçar meu medo cego. O problema não são os apegos, são as razões que nos levam apegar ou desapegar. Desapego as vezes é justificar escolhas, e dar um sentido nobre a negligência, fechar com rolhas o entendido amor da existência, para destampa-lo quando convir, as vezes sem paciência. Contradiz a forma da comunhão, não dar a mão aos irmãos perante a eminencia da solidão... Desapegar é válido em segredo. Apreendesse e não rendesse a indolência. É aprender resiliência entendo, saber abraçar e resistir as deficiências, as consequências, sabendo deixar quando não há mais lugar para permanência, assim como devemos abraçar sempre de forma intensa, quando se pode, quando se quer. Desapego não pode ser filosofia, tem que ser com alegria, maturidade, de saber que o barco parte no raiar do dia assim como ele chega no final da tarde.
Osíris Duarte
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