terça-feira, 29 de julho de 2014

A fera


E quando morres embebido por esse veneno, morre lento, morre aos poucos... Essa coisa por dentro que me joga ao vento, vago, alheio, largo... Mato devagar, mato lento, tormento que mexe, lua cheia, tempo, asco. Mato o homem e sobra o lobo, lobisomem como sendo um acalento, um presságio. A cada um que some, cada parte que consome a si, a fera espera, espreita o homem. Foges como quem come escondido, some, com fome de ser esquecido. A cada lua cheia mato o homem e deixo a fera, fere o abdômen, rasga o peito, quebra o nome e sente frio, no peito curto, arredio, rasga a pele, transfigura a derme, em pelo denso, no hálito que ferve, a besta que dormita breve no jeito aparentemente leve de ser prisoneiro do homem. 

Osíris Duarte

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